Notas
De manhã, o relógio marca 7hr
A luz matinal vai entrando,
escapando pelo buraco da janela
coberto por cortinas semiabertas
Cama desarrumada, lençois amarrotados
Somos cumprimentados pela luz fraca
que aterra sobre os nossos corpos
maculados, despidos como anjos
Que corpo é este, tão terno e afável, que jaz sobre o meu?
Que alma febril é esta, que me faz companhia nesta cama tão gelada como o céu?
Receio de acordá-la, mas por outro lado anseio por conhecê-la
Anseio por saber como chegou nesta cama,
e como durante a noite
ousou despir a minha solitária alma
Enfim
A calma já não reside em mim,
Chá de camomila para me acalmar,
pois peito ainda sente a repercussão daquele beijo
O coração ainda sente as vertigens
causadas pela lubricidade daqueles lábios,
rosáceos, carnudos
softs como manteiga derretida no canudo
Os nossos lábios,
como navios em alto mar
sem bússola sem vento
embateram-se um ao outro
As línguas à deriva em todas as partes do corpo,
apreciando cada onda, cada mergulho
até cair nas profundidades
das nossas profanas concavidades
Onde instigamos os gostos, odores e orgulhos
até nos afundarmos no orgasmo mútuo
Ai...
Quem é?
Mas quem é?
Será que algum dia te vou voltar a ver?
Penso nestas questões todos os dias, todas as noites
Esperando pelo momento em que entras on-line e possas me dizer novamente o teu nome...